quinta-feira, 19 de abril de 2012

Vida de Atleta


VIDA DE ATLETA
O texto abaixo foi escrito pelo judoca Leandro Guilheiro, duas vezes medalha de bronze em Jogos Olímpicos e atual número 1 do ranking mundial em sua categoria. 
VIDA DE ATLETA
Olá,
São poucos os que conhecem a rotina de um atleta. Mas posso lhes garantir que não é necessário conviver com um para saber que não somos diferentes de qualquer outra pessoa. Também temos dias bons e ruins, seja no trabalho, seja no nosso convívio pessoal.
Às vezes, temos noites de sono muito mal dormidas – mesmo que estejamos muito cansados – por conta de fortes dores nos dedos, já desgastados por tantos anos de treinamento. Mesmo assim, acordamos muito antes do previsto para resolvermos coisas do cotidiano, partimos para o treino físico (justo neste dia, o mais chato e cansativo de todos!) e voltamos para casa. Naquele precioso intervalo, abrimos mão da nossa sagrada recuperação para sermos os mais presentes possíveis na vida de uma pessoa especial que vive um dia especial. Junto com tudo isso, resolvemos mais questões que nos são demandadas, além de lidarmos com algumas outras cobranças.
Partimos para a segunda sessão de treino. O clima já é de férias entre os atletas, mas não para aqueles que ainda competem dentro de duas semanas. Além dos dedos, agora o joelho também dói, assim como os músculos das pernas e dos braços pelo acúmulo dos dias anteriores de treinamento. A sessão se encerra e ficamos chateados em saber que alguns companheiros mais jovens estão desperdiçando suas juventudes. Conversamos e tentamos ajudá-los a compreender que um futuro melhor os espera. Só depende deles!
Ao final do dia, retornamos para casa. Desta vez para gozar daquele descanso que tanto aguardamos. Mas, de repente, como que combinado, todas as pessoas que mais nos importam resolvem que não estão satisfeitas conosco, cada uma por um motivo distinto. Umas reclamam, outras não nos tratam como normalmente os fazem, não tem tempo para nós, enfim… Somos todos humanos!
Então, sozinhos, paramos e refletimos. Como lutadores, controlamos nossas ânsias e temperamentos combativos com um pouco de paciência. O tempo passa, os ânimos se acalmam e já começamos a planejar os próximos passos, aqueles que daremos amanhã. Meia-noite chega. Aquele dia difícil oficialmente é passado e, como que em um passe de mágica, as mesmas pessoas que foram difíceis conosco voltam aos seus estados normais antes de dormirmos. Às 5h, o despertador toca e um dia cheio de tarefas nos espera. A derrota na “competição” do dia anterior já não nos pertence mais, afinal quantas possibilidades não nos aguardam daqui para frente? Com a perseverança de um lutador, aprendemos mais esta lição e continuamos em frente rumo aos nossos sonhos e objetivos.
Boas competições a todos nós!

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