Pesquisas científicas apontam que quatro de cada dez crianças têm características físicas para ser atleta. Desse grupo, entretanto, só uma de cada cem acaba virando um esportista de ponta, candidato a medalha olímpica.
Encontrar esse “escolhido” é como achar uma agulha dentro de um palheiro. Além de corpo adequado ao esporte, o atleta de elite reúne características genéticas, psicológicas e sociais difíceis de se identificar, mas que acabam diferenciando-o dos demais.
Apesar de toda essa complexidade, um grupo de cientistas brasileiros vem tentando decifrar o quebra-cabeças que forma um medalhista. Baseados em pesquisas, eles elaboraram um método para encontrar em crianças e jovens as características de um campeão. Agora, querem usá-lo para ajudar na montagem da equipe brasileira já para a Olimpíada do Rio, em 2016.
O método brasileiro para identificação de potenciais atletas de elite é o DTE (Detecção de Talentos Esportivos). Ele foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Rio Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e outras instituições de ensino. Também colaboram ONGs e técnicos da seleção brasileira de atletismo, como Antônio Carlos Gomes, que acompanha Jadel Gregório, do salto triplo.
O DTE consiste em uma bateria 80 testes, divididos em cinco categorias: físico-motor, biométrico, psicológico, ambiental e genético. Paulo Roberto Ribas, um dos pesquisadores envolvidos na iniciativa, explicou ao UOL que todo o processo dura até um ano. “Fazemos uma avaliação completa das crianças, transformamos o perfil delas em números e jogamos em uma tabela com estatísticas”, disse ele.
A partir disso, crianças e jovens entre 8 e 18 anos têm sua aptidão esportiva detectada e podem ser encaminhadas diretamente para um treinamento específico da modalidade que mais se adequem: ginástica, esportes individuais (natação, atletismo etc); esportes coletivos (futebol e vôlei, por exemplo) ou lutas.
“Fazemos um teste para ver se uma criança tem o que chamamos fibras musculares rápidas, boas para o atletismo”, exemplificou Ribas. “Se ela tem, verificamos se tem um psicológico adequado para treinamento intensivo. Assim, chegamos a um perfil ideal.”
O pesquisador disse que o resultado dos testes não garantem que todos os aprovados serão atletas olímpicos. Variáveis que não podem ser medidas também influenciam nisso.
Entretanto ele diz que o teste dá um direcionamento para as crianças e jovens. Também identifica possíveis deficiências que podem ser sanadas. “Reduzimos o desperdício de talentos”, afirmou.
Ribas e outros pesquisadores, agora, tentam disseminar a metodologia e levá-la a possíveis celeiros de novos atletas. Para isso, montaram um projeto, o Brasil Rumo a 2016, e estão fazendo parcerias com governos e prefeituras para fazer testes com crianças em escolas públicas e centros esportivos.
O projeto tem o apoio de astros do esporte como o atacante Adriano, que gravou um vídeo para o projeto. Também já conseguiu uma parceria com a Secretaria Municipal de Esportes de São Paulo. A partir de maio, ele começa a avaliar 27 mil crianças da capital paulista.
A meta do Brasil Rumo a 2016 é avaliar 300 mil crianças e jovens. Dessas avaliações, quem sabe, ele pode encontrar um membro da equipe brasileira na Olimpíada do Rio.
Fonte : www.swim.com.br
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