Temos discutido muito a respeito da inclusão de crianças com deficiência nas escolas regulares. Infelizmente isso ainda é um mito para muitos. Tivemos alguns avanços em relação às leis, mas não estamos nem ao menos próximos do que deveria ser.
Penso que não basta aceitar a criança, ela precisa ser trabalhada, estimulada e acompanhada adequadamente, além disso, precisa ter um ambiente propício para seu desenvolvimento escolar. Obrigar as escolas a aceitarem não resolve o problema.
O problema que enfrentamos hoje, dentre outros motivos, também é reflexo da falta de preparo dos profissionais que lidam com isso no dia-a-dia. Na própria faculdade de Pedagogia, o tema educação especial, é passado brevemente, com isso formam-se profissionais sem qualquer tipo de orientação a respeito.
Muitas escolas têm medo de aceitar a criança por não se sentirem preparadas, acham que a criança vai “atrasar” o desenvolvimento do restante da turma, acham que não conseguirão dar a atenção adequada e apenas terão mais gastos com a contratação de profissionais especializados e cuidadores. Infelizmente vemos uma conta cada vez mais financeira.
Em oposição a esse cenário, qual o modelo de escola ideal para crianças com deficiência?
O processo de inclusão envolve o trabalho multidisciplinar da fonoaudióloga de linguagem, do terapeuta ocupacional e da psicopedagoga que juntos elaborarão um plano para a criança. É importante que todo o mobiliário escolar seja adaptado de acordo com a condição motora do aluno. Uma criança bem posicionada e confortável pode participar melhor da aula e responder mais aos estímulos.
Outra dica que pode ajudar muito é a contratação uma professora com conhecimento em inclusão, dessa forma, alguns conteúdos podem ser antecipados e/ou reforçados para que o aprendizado aconteça de forma eficaz. Porém deve-se tomar o cuidado para que o aluno não fique com contato restrito ao interlocutor, esse deve ser intermediário aos demais colegas e ao aprendizado.
Todos esses fatores promovem um processo de inclusão eficiente, todos devem estar alinhados e com o mesmo objetivo. Fazer reuniões periódicas ajuda muito. As avaliações também são importantes para direcionar o trabalho.
Infelizmente, o cenário descrito acima é exceção, envolve gastos ainda maiores para as famílias e não são todos que conseguem se organizar dessa forma. Algumas escolas públicas têm conseguido avanços, mas ainda precisamos de mais envolvimento e interesse do poder público.
De forma geral, a situação ainda é muito ruim, a maioria das famílias encontra grande dificuldade para achar uma escola que ao menos aceite a criança com deficiência e não há garantia nenhuma de que haverá um trabalho efetivo com essa criança. A sensação é de que estamos à margem da sociedade, o que deveria ser exceção passa a ser regra e enquanto isso, a maioria das crianças perde um precioso tempo de desenvolvimento, de aquisições cognitivas, motoras e sociais.
Texto de : Priscila Dutra
Publicitária, é mãe de Lorenzo, 6 anos, e quer compartilhar a experiência com a reabilitação de seu filho com outras mães de crianças especiais.
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