Quando pensamos em orientação de atividade física para crianças, o ponto de partida é lembrar uma frase: Criança não é um adulto pequeno! O significado desta afirmação é o respeito às limitações das crianças em suas diferentes fases de crescimento e desenvolvimento e à necessidade de se adequar as atividades físicas a estas limitações. O curioso é que, hoje em dia, estas preocupações existem em função de que na maioria das vezes as atividades físicas infantis são orientadas por um adulto.
Este é até um fato relativamente recente, fruto do cerceamento do espaço disponível para a criança manifestar sua tendência espontânea de ser ativa. Não faz muito tempo que as crianças faziam esporte por iniciativa própria. O comum era ver um grupo de crianças com uma bola, formando dois times, com um critério absolutamente coerente de divisão (geralmente os dois melhores tiravam par ou impar e escolhiam os times). O jogo começava e terminava sem interferência de nenhum adulto. Quem cansava tinha todo direito de sair e ninguém era exigido ou cobrado além da sua capacidade ou tolerância.
O mesmo critério valia para qualquer modalidade de jogo ou brincadeira. Todas as iniciativas eram absolutamente espontâneas e seguiam a lógica e as normas estabelecidas pelas próprias crianças. Certamente não se cometiam exageros nem imprudências. O resultado era socialização e promoção de saúde.
Atualmente, nos grandes centros urbanos, as crianças praticam esportes em clubes, escolinhas e centros esportivos, quase sempre orientados por adultos. Nesta nova realidade, muitas vezes nos deparamos com alguns problemas exatamente frutos da presença do adulto. É claro que existem muitos profissionais educadores físicos especializados com toda a competência para orientar adequadamente a atividade.
Por outro lado, existem também muitas atitudes inadequadas. Iniciação esportiva competitiva precoce, incompatibilidade de certas modalidades com o estágio de crescimento e desenvolvimento da criança, cobrança exagerada de pais e responsáveis por desempenho, às vezes com resultados desastrosos gerando frustração e sentimentos de culpa.
O que não se pode de maneira nenhuma é privar a criança de ter o direito de fazer esporte por brincadeira. O componente lúdico é fundamental para a criança ter aderência e sentir prazer nas atividades esportivas. A criança deve ter o direito de escolher que atividade física quer praticar.
Uma experiência desastrosa provocada por atitude inadequada de um adulto pode afastar a criança definitivamente da prática de esportes e alimentar ainda mais o hábito de somente fazer atividade na realidade virtual dos games de computador.
Fonte: Portal Eu Atleta
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