O câncer, considerado o mal do século 21, é a doença que mais mata no mundo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, é responsável por cerca de 8 milhões de óbitos por ano - e também a principal causa de morte por doença entre crianças e adolescentes brasileiros.
Apesar de dados tão sombrios, o diagnóstico de câncer não representa uma sentença de morte, como prova a alta taxa de cura do câncer infantil no País: 80%, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Ainda de acordo com o Inca, a cada ano são diagnosticados 9 mil casos de câncer infantil no Brasil. Os tipos mais comuns são a leucemia (doença maligna dos glóbulos brancos), linfomas (que se originam nos gânglios) e tumores no cérebro, que atingem o sistema nervoso central.
Para o integrante da diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica Joaquim Caetano de Aguirre Neto, o princípio básico para entender o câncer infantil é compreender que crianças não são adultos em miniatura. Por isso, a doença também tem aspectos diferentes nos dois casos, a começar pelas causas. Enquanto em adultos, a presença do câncer costuma estar relacionada a envelhecimento celular e fatores ambientais, a manifestação em crianças se dá principalmente com tumores de origem embrionária, visto que não há fatores de risco entre pacientes tão jovens.
Diferentemente dos adultos, não há como fazer exames preventivos ou de rastreamento. Os tumores de origem embrionária são mais agressivos do que os demais, tendo uma evolução bastante rápida a partir da manifestação dos primeiros sintomas, o que dificulta o diagnóstico precoce da doença. No entanto, a resposta ao tratamento neste tipo de tumor também costuma ser rápida e mais efetiva.
Diagnóstico e tratamento
Outro fator que dificulta o diagnóstico precoce do câncer infantil é que os sintomas da doença são pouco específicos e, por isso, facilmente confundíveis com os de outras enfermidades. Segundo Joaquim, não há como indicar um sinal ao qual os pais devam ficar atentos. “Febre é um dos sintomas de câncer, mas pode indicar ainda outras doenças. Quando associada a ínguas no pescoço e axilas, pode-se suspeitar, mas vale lembrar que outras doenças também apresentam essas características”, exemplifica. Por isso, o acompanhamento regular com um pediatra é a melhor maneira de descobrir o câncer em estágios iniciais, pois cabe ao médico avaliar os sintomas e desvendar o quebra-cabeça.
O tratamento de câncer em crianças também é diferente do realizado em adultos. Joaquim explica que as bases são as mesmas (quimioterapia, cirurgia e, em casos mais específicos, radioterapia), mas o tratamento dos pequenos é mais intensivo, exige mais cuidados. Assim, enquanto adultos podem procurar clínicas e consultórios, a terapia em crianças exige uma equipe multidisciplinar, que ofereça um suporte mais amplo, o que pode ser encontrado em centros especializados.
Além do diagnóstico precoce, a maneira como os pequenos encaram a doença pode ser um fator decisivo para o sucesso do tratamento. Em crianças, o câncer é potencialmente mais curável; e se curadas, elas têm também uma expectativa de vida maior. Por terem mais chances de vencer a batalha contra o câncer, os pequenos costumam encarar o desafio com mais bom-humor. Além disso, por ainda serem muito jovens, não têm experiências de vida ou capacidade de percepção para entender a gravidade da doença. "Não sabem bem do que se trata”, explica o oncologista pediátrico. Segundo ele, isso facilita a aceitação do tratamento.
Matéria publicada em portal Terra
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