quarta-feira, 17 de julho de 2013

A importância da Ginástica Ritmica

Atletas trajando collants coloridos movem fitas, arremessam bolas, arcos e outros elementos e fazem gestos em sincronia com uma música. Cenas como essa são vistas em competições de ginástica rítmica, mas podem fazer parte das aulas de Educação Física. Foi o que aconteceu em Natal, na EM Professora Emília Ramos. Glycia Oliveira se valeu de sua vivência como atleta e proporcionou a experiência aos alunos do 3º ano. Evidentemente, ter praticado a modalidade ajudou, mas não é um pré-requisito para o trabalho. Com pesquisas e um pouco de experimentação, é possível organizar as aulas.

"Queria que as crianças identificassem características da modalidade, conhecessem os aparelhos e experimentassem os movimentos", diz a professora. "Aqui, na escola, alongamentos e movimentos básicos são trabalhados desde o 1º ano e elas têm contato com conhecimentos sistematizados de ginástica no 3º", afirma. Luciana Venâncio, doutoranda em Educação Física pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp), defende que o conteúdo seja ministrado para que os alunos aprendam a técnica, recriem gestos a seu modo e explorem força, flexibilidade, agilidade e equilíbrio. 

Para iniciar as atividades, Glycia apresentou vídeos de modalidades reconhecidas pela Confederação Brasileira de Ginástica (CBG): artística, geral, aeróbica e rítmica (além dessas, a CBG também considera a ginástica para todos e a de trampolim). "Com base no que foi visto, perguntei: ‘Quais características comuns entre as modalidades vocês identificam?’ e ‘O que mais chama a atenção?’". As crianças surpreenderam e citaram os gestuais acrobáticos, as roupas, as apresentações em grupos e os aparelhos.

Na aula seguinte, Glycia apresentou os movimentos gerais da ginástica rítmica que envolvem posições de equilíbrio, saltos, giros e outras acrobacias, e todos experimentaram a vela, a parada de mão, a estrela, o aviãozinho, a ponte, o rodante e os rolamentos. Para mostrar como fazer cada um deles, deu orientações orais e, quando necessário, ajudou com as mãos.

Desafio ampliado com o uso dos aparelhos

O desafio seguinte foi com aparelhos. "As crianças já tinham observado atletas dessa modalidade, mas nada substitui a chance de eles mesmos fazerem os movimentos", diz a professora. Dentre as opções, a meninada demonstrou mais interesse pela fita e pela bola, que foram, então, trabalhadas por Glycia. Antes da prática em si, ela orientou a confecção das fitas. "Usamos papel crepon e canudinhos para bebidas, um dentro do outro, para ficarem mais rígidos. O resultado foi bom, mas quando fizer o projeto de novo, quero usar tiras de cetim, para ter um efeito melhor", fala Glycia. Luciana também sugere as fitas de tecidos de diferentes texturas e, para o arco, indica bambolês ou um aro feito de conduíte. As maças podem ser substituídas por garrafas plásticas cheias de jornal.

Para que a turma pudesse explorar os gestuais com a fita, a educadora demonstrou como fazer a serpentina e a espiral. "Não tinha como meta ensinar a técnica perfeita, mas destaquei alguns aspectos essenciais, como a necessidade de o aparelho estar sempre em movimento", diz. Além da manipulação individual, ela propôs que tentassem lançar a fita para um colega. "A conclusão foi que a melhor forma é jogar de baixo para cima, formando uma parábola no ar."

No trabalho com as bolas, foram usadas as de borracha de 20 centímetros de diâmetro. Glycia ensinou quatro gestos básicos: rolamento pelo corpo, movimento em oito, quicar em diferentes ritmos e lançamento. Para orientar as ações desse último gesto, ela perguntou: "Qual a melhor forma de mandar a bola para quem está em frente?" e "Como arremessar de costas?".

Regina Simões, coautora de Ginástica e Dança: No Ritmo da Escola (136 págs,. Ed. Fontoura, tel. 11/4587-9610, 28 reais), sugere variar as dificuldades dos movimentos (como a altura dos saltos, a velocidade dos gestos e a direção dos deslocamentos). Luciana também recomenda dar dois desafios às crianças: jogar a bola para o alto, dar um giro e pegá-la no ar e rolar a bola e, em paralelo, rolar o corpo no chão. Outras ideias para enriquecer a vivência são entrar em contato com atletas profissionais e convidá-los para fazer uma demonstração na escola e organizar uma visita da classe a um centro de treinamento.

Hora das coreografias. Em quartetos mistos, os estudantes pensaram como combinar movimentos corporais e aparelhos de modo sincronizado e intercalado. Para elaborá-las, ofereça músicas diversas e deixe as crianças escolherem as preferidas. Observe que montar uma coreografia como produto final faz todo sentido: ela é o ponto alto da prática.

Nas aulas, Glycia notou certa resistência dos meninos, que diziam que ginástica era coisa de menina. "Conforme foram desafiados, se interessaram", diz. Além do preconceito quanto ao gênero, vale conversar com os pais se eles se preocuparem com o desenvolvimento físico dos filhos. Os ginastas têm membros musculosos e, geralmente, baixa estatura, mas a prática escolar não é intensa como o treino deles. "O objetivo não é a alta performance, e sim viver a experiência", diz Elisabete Freire, da Universidade Presbiteriana Mackenzie e Universidade São Judas Tadeu (USJT).

1) Observar os profissionais 
Apresente para as crianças vídeos ou fotos de diferentes modalidades de ginástica, incluindo a rítmica, e discuta com elas as principais características de cada uma.

2) Experimentar é essencial 
Ensine os movimentos gerais da ginástica rítmica, como a estrela, a ponte e a vela, além de saltos e giros, explorando os conceitos de equilíbrio, força, agilidade e flexibilidade.

3) Montar os acessórios 
Reserve uma aula para o grupo montar os aparelhos - maças, arcos e fitas - e separe bolas e cordas. Organize momentos para mostrar como usá-los combinados com os movimentos corporais.

4) Criar a coreografia 
Organize os alunos em grupos. Eles devem criar coreografias e apresentá-las para os colegas. Oriente-os a escolher as músicas e a combinar movimentos, intercalando-os com o uso dos aparelhos.

Matéria publicada em portal Revista Nova Escola
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