Por: Dr. José Luiz Setubal
Como pediatra, muitas vezes fui questionado por pais sobre o uso de camas elásticas (ou trampolins) e sua segurança ou risco de causar lesões. Hoje em dia, é muito frequente a existência desses equipamentos em parques, buffets infantis, clubes, etc.. A política da Academia Americana de Pediatria (AAP) traz boas informações para pais, educadores e pediatras sobre esse assunto.
O relatório atualizado pela AAP adverte contra uso de camas elásticas ou trampolins e fornece dados atualizados sobre o número de tipos de lesões causadas por eles. Desde a publicação da declaração anterior em 1999 (reafirmada em 2006), a principal recomendação permanece consistente contra o uso recreativo de trampolim e inclui dados sobre lesões causadas pelo seu uso.
Na declaração política atualizada, Trampolim e a Segurança na Infância e Adolescência, a AAP proporciona ao pediatra orientações sobre padrões de lesão pelo uso de trampolim, a eficácia das medidas de segurança atuais e lesões únicas atribuídas ao uso do artefato.
Taxas de lesões causadas pelo trampolim têm diminuído nos EUA desde 2004. Em 2009, no entanto, o Sistema Nacional de Vigilância Eletrônica de Lesões (Neiss) estimou quase 98.000 mil lesões relacionadas às camas elásticas no país norte-americano, resultando em 3.100 mil internações. As taxas de lesões são maiores em crianças do que em adultos.
Os pediatras precisam ativamente desencorajar o uso recreativo do trampolim na opinião dos autores da política atualizada. As famílias precisam saber que muitas lesões ocorrem nas camas elásticas e os dados não parecem demonstrar que a medidas de segurança diminuem significativamente o risco de lesões.
A maioria das lesões de trampolim (75%) ocorre quando várias pessoas estão pulando na cama ao mesmo tempo. Geralmente, os participantes menores sofrem maior risco de lesão, especificamente crianças de 5 anos de idade ou mais jovens. No total, 48% das lesões nessa faixa etária resultaram em fraturas ou luxações.
Lesões comuns em todos os grupos etários incluem:
1. Entorses, distensões e contusões;
2. Quedas de trampolim são responsáveis por 27 a 39% de todas as lesões e podem ser potencialmente catastróficas;
3. Muitas lesões ocorreram mesmo com supervisão de um adulto;
4. A declaração de política AAP também aborda a segurança de parques com camas elásticas; 5. A AAP sugere que as precauções indicadas para uso recreativo também se apliquem a todos os parques. Taxas de acidentes nessas instalações devem continuar a ser monitoradas.
O relatório inclui recomendações fundamentais para pediatras e pais, incluindo:
1. Os pediatras devem aconselhar os pais e as crianças contra o uso recreativo do trampolim;
2. Os dados atuais sobre os equipamentos de segurança indicam que não há redução dos índices de injúrias;
3. Tentativas de cambalhotas e flips frequentemente causam lesões da coluna cervical, resultando em consequências permanentes e devastadoras;
4. Regras e regulamentos para parques com trampolim podem não ser consistentes com as diretrizes da AAP;
5. Trampolins usados para programas de treinamento devem ter sempre a supervisão apropriada, treinamento e medidas de segurança no local.
Fonte: Trampoline Safety in Childhood and Adolescence (October 2012. Pediatrics – Published online Sept. 24)
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