Exemplo é forma mais eficaz de educar crianças a conviver em paz com rivais esportivos.
A paixão pelo futebol é inerente ao brasileiro: uma pesquisa do Instituto Datafolha realizada em 2010 indica que três em cada quatro brasileiros têm um time de coração. Alguns deles, porém, não são meros torcedores. O Corinthians, por exemplo, um dos mais populares times do País, tem 25 milhões de torcedores, conforme levantamento da Pluri Consultoria, no ano passado. Mais da metade deste número são considerados fanáticos.
O problema acontece quando torcedores de outros times se encontram. De acordo com a psicóloga Marina Vasconcellos, especializada em Psicodrama Terapêutico, nenhuma forma de fanatismo é positiva. “Todo fanático é exagerado. Um pai fanático pode acabar ensinando a criança a passar por cima de situações em nome da paixão”, comenta. Para ela, a educação do jovem fica prejudicada. “Como o pai vai dar exemplo do que não é?”, indaga Marina.
Pedagoga especializada em Psicologia do Esporte, Kátia Rubio diz que a escolha e a paixão pelo clube de futebol normalmente vêm de pai para filho. Ela também vê de forma crítica o fanatismo hereditário. “Os pais são a principal referência para a criança; ela observa o comportamento e reproduz”, diz. O exemplo, então, seria a melhor forma de educar os pequenos a conviver em paz com os rivais esportivos. Mas, em alguns casos, ele parece apenas deseducar. “Já vi adultos brigando em frente aos filhos e terminando amizades de longa data por causa de piadas envolvendo times de futebol”, relata a pedagoga.
Já Marina comenta que, quando o fanatismo invade o âmbito escolar, cabe à instituição de ensino chamar os pais e os alunos envolvidos para conversar e mostrar que a escola não aceita esse tipo de comportamento. “Nesses casos, há pais que tiram os filhos da escola, demonstrando sequer ter noção da necessidade de ensinar o respeito”, lamenta. Kátia concorda que a escola deve envolver os familiares na discussão. “O problema não nasce de forma isolada, ele envolve todo o convívio social da criança”, afirma. A especialista vê uma espécie de “bullying esportivo” e, para ela, se a criança foi ensinada a ser agressiva, vai reagir de forma violenta quando provocada. “A escola deve tratar o tema com preocupação, pois afeta a todos”, defende.
Kátia lembra a realização de dois grandes eventos no Brasil: agora, no meio do ano, a Copa das Confederações e, em 2014, a Copa do Mundo. A pedagoga ressalta a necessidade de preparar a sociedade para esses acontecimentos que terão repercussão mundial. “É preciso educar para o esporte”. O receio de Kátia é que o Brasil obtenha resultados negativos nas competições. “Dá pra imaginar o que pode acontecer”, completa.
Matéria publicada em portal Terra
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