Não existe nada melhor do que chegar em casa após um dia longo de trabalho e dar aquele abraço apertado nas crianças, não é mesmo? Se você concorda, vai gostar de receber essa notícia: quando faz isso, está contribuindo – e muito mais do que imagina – para o bem estar de seus filhos.
De acordo com um estudo feito pela Universidade de Medicina de Viena, na Áustria, abraçar outras pessoas pode ajudar a reduzir as sensações de estresse e ansiedade. Isso acontece graças à liberação de uma substância chamada ocitocina, conhecida popularmente como “hormônio do amor”. “A ocitocina está ligada ao prazer e ao bem estar emocional. Quando recebemos algum tipo de carícia, como o abraço, ela é liberada em maior quantidade”, explica a psicóloga Ana Lúcia Gomes Castello, do Hospital Infantil Sabará (SP).
Mas não é qualquer abraço que entra nessa conta. Os cientistas responsáveis pelo estudo deixaram claro que esse processo só funciona quando as pessoas envolvidas apresentam e demonstram sentimentos mútuos e verdadeiros. Se elas não se conhecerem ou se o abraço não for desejado pelas duas partes, pode acontecer o contrário. Nesse caso, ocorre liberação maior de uma outra substância, chamada cortisol, que está ligada ao estresse.
“Isso funciona para todas as manifestações físicas do homem. Quando o estímulo é positivo, há liberação maior de ocitocina, e a resposta é favorável. Quando o estímulo é negativo, há liberação maior de cortisol, e a resposta não é favorável”, afirma Ana Lúcia.
Geraldo Possendoro, psicoterapeuta especialista em medicina comportamental da Unifesp, explica ainda que outros fatores também podem estar envolvidos nesse processo, como a atuação do nosso sistema límbico, que é responsável por nossas emoções. “No centro desse sistema está a amígdala cerebral, que tem a função de dar significado afetivo às coisas. Ela pode ser ativada de diversas maneiras, inclusive com um abraço, causando sensação de bem estar por meio da manutenção de um vínculo”, diz.
Carinho de mãe
E o abraço não é o único toque que traz benefícios à saúde de seu filho. Um estudo anterior, feito por três universidades britânicas com 271 mães de primeira viagem, mostrou que o toque materno, seja ele qual for, reduz a atividade dos genes da criança que respondem ao estresse. “Se o ambiente estiver favorável e seguro, o bebê também ficará calmo. E isso é algo instintivo: pegar no colo, interagir e amamentar são situações naturais de cuidado que ajudam a tranquilizar”, afirma a ginecologista e obstetra Karina Zulli, do Hospital e Maternidade São Luiz (SP).
Por meio do toque, ele também toma consciência dos limites do próprio corpo e da presença física da mãe. “Quando você toca o bebê, está transmitindo a mensagem de que ele não está sozinho no mundo”, explica a fisioterapeuta Fátima Aparecida Caromano, professora do Curso de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da USP e autora de Como e Por Que Massagear o Bebê (Ed. Manole). A cada afago, beijo ou cafuné, o que ela define como "somatória de contatos", você e o seu filho se tornam mais próximos. "Aos poucos, o bebê passa a reconhecer a mãe pelas sensações de conforto e bem-estar que ela provoca", diz. É por isso, inclusive, que ele dificilmente “troca” o seu colo pelo de outras pessoas.
Outras técnicas
A importância do contato pele a pele pode ser dimensionada, ainda, com os resultados positivos do método mãe-canguru (terapia em que os bebês prematuros ficam em contato direto com um dos pais, sem roupa, com o objetivo de fortalecer a imunidade, entre outros benefícios). Um estudo realizado na Colômbia, com 777 recém-nascidos que pesavam até dois quilos, demonstrou que as crianças submetidas à técnica apresentam maior ganho de peso, melhor desenvolvimento psicomotor e mais resistência a doenças e infecções do que aquelas que ficam em incubadoras sem ter contato intenso com as mães.
Outra técnica parecida é a da Shantala, massagem indiana que, por meio da repetição de alguns toques suaves, cria uma ligação especial entre a mãe e o bebê, além de relaxar, diminuir as cólicas e deixar o sono mais tranquilo.
Agora que você já sabe de tudo isso, que tal praticar um pouco com sua família? Um gesto de carinho, afinal, nunca é demais – muito menos com tantos benefícios envolvidos.
Fonte : Revista Crescer
Nenhum comentário:
Postar um comentário