Na verdade obesidade não deveria pertencer a nenhuma das fases do desenvolvimento humano, mas a obesidade alcançou patamares epidemiológicos tão grandes que até as crianças estão apresentando quadros de obesidade acompanhados de hipertensão, diabetes tipo 2, apneia do sono, níveis de colesterol e triglicérides elevados e problemas ortopédicos. E esse não é, mais, um problema isolado, pois cerca de 33% das crianças de nosso país apresentam obesidade e isso é muito grave.
São várias as causas deste triste quadro e entre elas estão: maus hábitos alimentares, sedentarismo, fatores hereditários e psicossociais, mas de quem é a culpa? Todos querem apontar um culpado, no entanto isso é o que menos importa quando o problema é urgente, crônico e parece ser contagioso por isso é necessário agir com severidade e responsabilidade multiplicando a prevenção desta doença que pode diminuir a expectativa de vida de nossas crianças.
Quando afirmo que obesidade não combina com infância quero dizer que a infância representa uma fase que deveria ser maravilhosa repleta de energia, movimento, jogos e brincadeiras, a infância significa subir em árvore, se esconder embaixo da mesa enfim tudo o que um indivíduo obeso não conseguiria fazer com naturalidade. Crianças deixam de SER crianças quando ESTÂO obesas porque usam roupas e calçados de adultos, a quantidade de alimentos que ingerem é superior a que é recomendada para crianças e a sua diversão, geralmente, se limita a assistir televisão, jogar vídeo game ou navegar na internet , já que não conseguem realizar as atividades comuns da infância, além disso ansiedade e depressão não deveriam ser doenças de crianças, portanto o indivíduo obeso cuja fase do desenvolvimento é a infância pensa como criança, contudo não age como tal e não adianta nós educadores físicos falar para eles “ vamos lá você consegue”, agindo como se este fosse uma criança normal, porque não é. Sempre precisamos adaptar os jogos, exercícios ou brincadeiras para que essas participem da atividade, apesar de que na maioria das vezes eles falam que não querem participar ou inventam água para beber ou xixi para fazer para não ter que correr o risco do fracasso durante a atividade.
A situação chegou ao ponto de pensarmos nessas crianças como portadoras de necessidades especiais não só adaptando os exercícios, enquanto educadores físicos, mas enquanto sociedade, precisamos adaptar a infância a estas crianças fazendo um vestuário infantil adequado às proporções morfológicas, assim como a mobília escolar e alguns brinquedos e os adultos que convivem com estas crianças não podem tratá-las como se elas não estivessem obesas, a criança precisa ter consciência do problema e ser ensinada a trabalhar para reverter esse quadro fazendo exercícios regulares e adequados, modificando seus hábitos alimentares, mas ela não conseguirá sozinha e por isso a família toda precisaria ser reeducada e se há um culpado, acredito sim, que a família é a responsável e a prevenção deve começar durante a gestação.
Texto de Inara da Silva Santos
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